PARA TODOSA PRECE DE CARITA
COMENTADA
A prece, denominada De Cáritas, tem sido querida e contritamente orada por várias gerações de espíritas.
CÁRITAS era um espírito que se comunicava através de uma das grandes médiuns de sua época - Mme. W. Krell - em um grupo de Bordeaux (França), sendo ela uma das maiores psicografas da História do Espiritismo, em especial por transmitir poesia (que se constitui no ácido da psicografia), da lavra de Lamartine, André Chénier, Saint-Beuve e Alfred de Musset, além do próprio Edgard Allan Poe. Na prosa, recebeu ela mensagens de O Espírito da Verdade, Dumas, Larcordaire, Lamennais, Pascal, e dos gregos Ésopo e Fenelon.
A prece de Cáritas foi psicografada na noite de NATAL DO ANO DE 1873 , ditada pela suave CÁRITAS,, de quem são, ainda, as comunicações: "Como servir a religião espiritual"e "A esmola espiritual".
Todas as mensagens que Mme. W. Krell psicografada em transe, e, que chegaram até n;os, encontram-se no livro Rayonnements de la Vie Spirituelle, publicado em maio de 1875 em Bordeaux, inclusive, o próprio texto em francês (como foi transmitido) da Prece de Cáritas.
CÁRITAS era um espírito que se comunicava através de uma das grandes médiuns de sua época - Mme. W. Krell - em um grupo de Bordeaux (França), sendo ela uma das maiores psicografas da História do Espiritismo, em especial por transmitir poesia (que se constitui no ácido da psicografia), da lavra de Lamartine, André Chénier, Saint-Beuve e Alfred de Musset, além do próprio Edgard Allan Poe. Na prosa, recebeu ela mensagens de O Espírito da Verdade, Dumas, Larcordaire, Lamennais, Pascal, e dos gregos Ésopo e Fenelon.
A prece de Cáritas foi psicografada na noite de NATAL DO ANO DE 1873 , ditada pela suave CÁRITAS,, de quem são, ainda, as comunicações: "Como servir a religião espiritual"e "A esmola espiritual".
Todas as mensagens que Mme. W. Krell psicografada em transe, e, que chegaram até n;os, encontram-se no livro Rayonnements de la Vie Spirituelle, publicado em maio de 1875 em Bordeaux, inclusive, o próprio texto em francês (como foi transmitido) da Prece de Cáritas.
Deus, nosso Pai, que sois todo poder e bondade,
dai a força àqueles que passam pela provação,
- Carita invoca o poder e a bondade do nosso Pai Maior para aqueles que sofrem, porque precisamos de força espiritual para superar o sofrimento com dignidade, pois “(...) quando suportado com humildade e confiança em Deus, é sempre recibo de quitação de velhos débitos, habilitando o Espírito a um futuro de bênçãos...” (SIMONETTI, Richard. Para Viver a Grande Mensagem. 5. ed. Rio [de Janeiro]: FEB, 1991. 169 p.).
dai a luz àquele que
procura a verdade,
- “Procurar” sugere movimento, ação, vontade, discernimento. “Procurar a verdade” insere-se no contexto de uma ação em busca do sentido profundo do mundo que nos rodeia, para nos situarmos acima dos desenganos e desilusões. É ação altamente meritória, pois revela uma disposição de iluminação interior, adquirida com o conhecimento da Verdade. É para esses que Carita pede a Luz.
ponde no coração do homem
a compaixão e a caridade
- Às vezes é preciso que uma força maior, incoercível - “posta no coração” - desperte no homem a compaixão e a caridade, suscitando, assim, uma renovação de sentimentos.
Deus! Dai ao viajor
a estrela guia,
- As nossas fraquezas podem nos levar, muitas vezes, aos arrastamentos, sempre abundantes ao longo do caminho. Viajores, que somos, das veredas do Infinito, precisamos, por isso, de uma “estrela guia”, um norte, que nos aponte o rumo certo.
ao aflito a consolação,
ao doente o repouso.
- É sempre oportuno notar que, não obstante as nossas aflições, via de regra, resultantes de nossas próprias escolhas, pode ser, também, que alguém próximo a nós esteja sofrendo, causando-nos ainda mais aflição, principalmente se o auxílio que gostaríamos de prestar não estiver em nosso alcance. Nesses casos, então, o consolo surge como sustento espiritual, um novo alento, para continuarmos a caminhada. Assim também poderá acontecer com os doentes do corpo. Se a cura ainda depende de diversos fatores, não lhe falta, no entanto, o lenitivo para o corpo e o repouso para a alma.
Pai! Dai ao culpado
o arrependimento,
- Para o arrependimento das faltas cometidas é preciso coragem e humildade. Mas, levado pelo orgulho, nem sempre o culpado apressa-se a tomar tais atitudes. Por isso, a rogativa, para que Deus lhe propicie o arrependimento e conseqüente oportunidade de reparação.
ao espírito a verdade,
à criança o guia, ao órfão o pai.
- Temos, aqui, dois roteiros importantes:
a) um “guia” para a criança:
A infância é a fase na qual a criatura torna-se mais acessível ao aprendizado para a sua caminhada. É imprescindível, portanto, que ela tenha, nessa etapa, um “guia” – pai, mãe, ou quem a vida encarregou para a sua tutela até que possa conduzir-se por si mesma ─ preceptores que a oriente com firmeza e sabedoria, prestando-lhe o indispensável amparo espiritual fundamentado na “verdade” (“ao espírito a verdade”).
Reflexão importante: no contexto da Criação somos todos almas em evolução, caminhando para Deus.
Assim, num sentido maior, somos também ‘crianças’ (espíritos ainda na infância, no sentido evolutivo), precisando ser guiadas pelas Manifestações Divinas.
b) Um “pai” para o órfão:
É séria a questão da criança abandonada. São muitas as que esperam, ansiosamente, pela bênção acolhedora de um lar, por alguém que as adotem como um “pai” e as conduzam não só pelos caminhos da vida material, mas que lhes ofereçam, além do alimento físico, principalmente o espiritual. Nesse contexto, é bom lembrar que há sempre a esperança de uma criança sem pai ser acolhida por um pai sem criança.
Senhor! Que vossa bondade se
estenda sobre tudo que criastes.
- Que a Bondade Divina alcance toda a Criação, por acréscimo de misericórdia, já que, pelas nossas imperfeições, é muito pequeno o nosso merecimento. Sem Deus nada somos e nada seremos!
Piedade, meu Deus, para aqueles que vos não conhecem,
esperança para aqueles que sofrem.
- Carita, a exemplo de quem advoga uma causa, coloca-se como intercessora daqueles que não conhecem o Pai, e daqueles que sofrem sem esperança alguma. Encontramos, nessa rogativa, uma gradação meritória, a exemplo do que o Cristo propôs na cruz -“Pai, perdoa-lhes, porque não sabem o que fazem.” (Lucas, 23:34) (PIEDADE), e no Sermão das Bem-Aventuranças - “Bem-aventurados os pobres de espírito, porque deles é o reino dos céus” (Mt-5:3)(ESPERANÇA).
Assim, a Piedade, àqueles mais afastados da luz, que nem sequer entendem que existe um mundo melhor a esperar; a Esperança, indicando um sentimento mais elevado, para os que, de alguma forma, já conhecem a Luz, mas que, por suas próprias desventuras, ainda sofrem sem a certeza do fim de suas aflições, o que, de certo, virá, porque somos filhos de um Pai Bom, Justo e Infinitamente Misericordioso.
Que a vossa bondade permita, hoje, aos espíritos consoladores
derramarem por toda a parte a paz, a esperança e a fé.
- Todos os movimentos da Criação estão subordinados a Deus – a Vontade Suprema. Carita, humildemente, mostra o seu reconhecimento e roga ao Pai que possamos merecer, “por toda a parte”, a intercessão dos espíritos consoladores. A paz, a esperança e a fé, portanto, precisam ser estendidas a todos os recantos da Criação, no bojo de um grande surto transformador, que possa alavancar o progresso.
Deus! Um raio, uma faísca do
vosso amor pode abrasar a terra
- “Pai! Eu acredito firmemente na grandeza do Vosso Poder. No entanto, somos ainda tão pequeninos espiritualmente, que apenas um raio, uma faísca do Vosso Amor (que pode ‘abrasar’ a terra), basta para que tudo em nossas vidas se transforme radicalmente”.
deixai-nos beber nas fontes dessa bondade fecunda e infinita,
e todas as lágrimas secarão, todas as dores se acalmarão.
- Imaginemos o Hálito Divino, no qual estamos imersos, como fonte caudalosa, saciando, perene, a sede dos que sofrem – “Bem-aventurados os que choram, pois serão consolados”. (Mt - 5:4)
Um só coração, um só pensamento subirá até vós,
como um grito de reconhecimento e de amor.
- O reconhecimento e a gratidão devem ser atitudes de quem recebe algo. E, como são “todas” as lágrimas e “todas” as dores, esse reconhecimento manifesta-se de forma coletiva, manifestação única e poderosa – “um só coração, um só pensamento” –, um ato coletivo que tem no grito de reconhecimento a sua representação.
Como Moisés sobre a montanha nós estendemos
os braços em vossa direção, ô poder, ô bondade, ô beleza, ô perfeição
- Como no momento em que o profeta recebe as tábuas da Lei, Carita também espera, “com os braços estendidos”, a Inspiração reveladora do Criador, que ela exalta como poder, bondade, beleza, perfeição.
e nós queremos em qualquer
sorte merecer vossa misericórdia.”
- Aqui, uma grande lição de humildade: a suplicante pede, para as mais diversas situações da vida (“em qualquer sorte”), a misericórdia divina, falando, porém, no merecimento que a habilite a recebê-la. Diferente, portanto, da pretensão de alcançá-la diretamente, sem o devido merecimento.
Deus! Dai-nos a força de ajudar
o progresso a fim de subirmos até vós,
- Há uma condição para nos elevarmos a Deus – “ajudar o progresso”. Um esforço que deve ser realizado em prol da coletividade, já que, egoisticamente, ninguém evolui nem alcança lugar algum nos páramos celestiais. Para isso, é importante formar fileiras com os que agem, deixando de fazer coro com os que atravancam o progresso. Sejamos, antes de tudo, empreendedores de boas causas!
dai-nos a fé
e a razão;
- A razão é uma conquista fundamental do Espírito, na medida em que, só a partir da sua aquisição, nos primórdios da sua evolução, ele se transforma num ser responsável pelos seus atos, ganhando, assim, o tão decantado livre-arbítrio, que faz com que seja contado no grupo das humanidades.
Por outro lado, a fé, desacompanhada da razão, pode levar ao fanatismo. Em quê ou em quem eu acredito? A quem devo obediência? O que me leva a crer na existência de um Ser Supremo? Quais são os alicerces racionais da minha fé? Fé e Razão, portanto, devem caminhar juntas.
Por outro lado, a fé, desacompanhada da razão, pode levar ao fanatismo. Em quê ou em quem eu acredito? A quem devo obediência? O que me leva a crer na existência de um Ser Supremo? Quais são os alicerces racionais da minha fé? Fé e Razão, portanto, devem caminhar juntas.
dai-nos a
caridade pura,
- Temos visto, muitas vezes, manifestações banais, a título de “ações caridosas”, mostradas na esteira do orgulho e da vaidade. Carita anseia pela “caridade pura” ─ “(...) caridade, lídima e pura, é amor sempre vivo, a fluir, incessante, do amor de Deus.” (XAVIER, Francisco Cândido. Religião dos Espíritos: estudos e dissertações em torno da substância religiosa de “O Livro dos Espíritos”, de Allan Kardec. Pelo Espírito Emmanuel. 7.ed. Rio [de Janeiro]: FEB, 1988. 255p.). É uma ato incondicional, desinteressado e sem personalismos. É “(...) bênção sublime a desdobrar-se em silencioso socorro” (FRANCO. Divaldo P. Lampadário Espírita. Ditado pelo Espírito Joanna de Angelis. 5. ed. Rio [de Janeiro]: FEB, 1991. 245 p.).
dai-nos a simplicidade que fará de nossas almas
o espelho onde se refletirá a Vossa Imagem.
- A simplicidade, nesta rogativa, aparece como condição para que o Espírito, galgando os degraus da evolução, torne-se um reflexo do Criador.
“O ser humano foi feito à imagem de Deus”. Interessante anotar, aqui, que a metáfora do reflexo, muitas vezes apontada como o dispositivo principal dos enredos das histórias narcíseas, é, agora, tomada de forma radicalmente contrária, no sentido de não mais apontar aquilo que vemos em nós de nós mesmos, mas, de nos enxergarmos, proporcionalmente, com alguns dos próprios atributos do Criador.
“O ser humano foi feito à imagem de Deus”. Interessante anotar, aqui, que a metáfora do reflexo, muitas vezes apontada como o dispositivo principal dos enredos das histórias narcíseas, é, agora, tomada de forma radicalmente contrária, no sentido de não mais apontar aquilo que vemos em nós de nós mesmos, mas, de nos enxergarmos, proporcionalmente, com alguns dos próprios atributos do Criador.
Finalmente, lembremo-nos de que o Divino Mestre, o Grande Exemplo de simplicidade, apresentou-se ao mundo num estábulo e chamou os simples de “bem-aventurados”.
PRECE DE CÁRITAS
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